Na Sagrada Escritura, encontramos com frequência dois termos que, embora pareçam semelhantes, têm significados distintos e consequências espirituais graves: o ímpio e o iníquo. É essencial que o fiel compreenda essa diferença para viver com sabedoria, prudência e discernimento nestes tempos de confusão espiritual.
Quem é o Ímpio?
O ímpio é aquele que rejeita Deus e Seus mandamentos, vivendo como se Deus não existisse. A palavra “ímpio” vem do latim impius, que significa “sem piedade”. O ímpio pode ser alguém de fora da fé, mas também pode ser alguém batizado que vive em pecado mortal, desprezando a graça e recusando a conversão.
A Bíblia diz:
“Os ímpios serão lançados no inferno, assim como todas as nações que se esquecem de Deus.” (Salmo 9,18)
O ímpio age abertamente contra Deus e Sua Lei. Não teme a justiça divina, escarnece da verdade e propaga a mentira. Contudo, o ímpio pode se converter se tocar o coração e voltar-se para Deus com arrependimento sincero.
2. Quem é o Iníquo?
Já o iníquo vai mais além: ele corrompe a justiça e age com malícia premeditada. O termo vem do latim iniquus, que significa “injusto, maldoso, perverso”. O iníquo se apresenta, muitas vezes, como justo, mas esconde o veneno da mentira, da manipulação e da perversidade sob aparência de bondade.
São Paulo adverte:
“A vinda do iníquo é segundo a ação de Satanás, com todo poder, sinais e prodígios enganosos, e com toda sedução da injustiça para os que se perdem...” (2 Tessalonicenses 2,9-10)
O iníquo é perigoso porque engana os incautos, perverte os bons e se infiltra no meio do povo de Deus. Ele se disfarça de justo, mas está a serviço do mal. É o tipo de pessoa que pode estar até mesmo em posições religiosas ou políticas, parecendo defensor da verdade, mas agindo em rebelião oculta contra Deus.
A Prudência do Fiel
Tanto o ímpio quanto o iníquo exigem vigilância espiritual. Mas o iníquo é mais sutil e mais nocivo, pois se disfarça. Por isso, o fiel deve pedir continuamente a luz do Espírito Santo para não ser enganado:
“Sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas.” (Mateus 10,16)
Não se trata de julgar pessoas, mas de discernir os espíritos (1 João 4,1). Nem todo que fala em nome de Deus é de Deus. Nem todo que parece piedoso é justo. Por isso, o fiel precisa:
- Conhecer bem a doutrina verdadeira;
- Viver em estado de graça e oração;
- Evitar influências duvidosas, mesmo que venham de dentro da Igreja;
- Permanecer firme na tradição e nos ensinamentos perenes da fé católica.
Os tempos são maus. O mundo está cheio de ímpios e de iníquos. Mas o Senhor conhece os que Lhe pertencem (cf. 2 Timóteo 2,19). A fidelidade a Deus e a prudência no discernimento são armas espirituais indispensáveis. Peçamos todos os dias: “Senhor, livrai-nos dos ímpios e dai-nos discernimento contra os iníquos.”
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Pároco Leigo
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