A IGREJA DO FIM DO MUNDO

 

A IGREJA DO FIM DO MUNDO

No coração do caos apocalíptico que se avizinha — já anunciado pelos profetas e confirmado pelas revelações privadas reconhecidas pela Igreja — nasce, silenciosa e escondida, a Igreja do Fim do Mundo: a Igreja Doméstica, último reduto da fé, célula viva do remanescente fiel.

Enquanto o cenário mundial se deteriora a olhos vistos — com guerras, pestes, distúrbios morais e espirituais, apostasia generalizada e o surgimento de sistemas cada vez mais anticristãos — os fiéis que permanecem na verdade e na graça não são mais os que ocupam cátedras visíveis ou os centros de poder eclesiástico, muitas vezes já corrompidos. A verdadeira Igreja, como sempre aconteceu nos momentos cruciais da história da salvação, se refugia no deserto (cf. Ap 12,6).

A Casa como Refúgio Profético

Desde La Salette até Fátima, de Akita ao Terço das Lágrimas de Sangue revelado à Irmã Amália, a Virgem Santíssima nos alertou: viria um tempo em que a fé se apagaria nas instituições, e os fiéis teriam de guardar a luz da fé em suas casas, em torno de pequenos altares, com o rosário nas mãos, em espírito de reparação.

Essa profecia se cumpre em nossos dias. A casa torna-se um tabernáculo escondido, onde a família — pai, mãe, filhos, avós — forma um pequeno mosteiro do fim dos tempos, vivendo com sobriedade, oração e penitência. Ali se medita a Escritura, se recita o Ofício Divino, se educa os filhos na Doutrina Eterna, e se espera com paciência o retorno do Senhor. Não se trata de fugir do mundo, mas de habitar no Coração de Deus enquanto o mundo se destrói por si mesmo.

A Presença Real no Altar da Família

A promessa do Senhor permanece: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18,20). Quando a família se ajoelha diante de seu altar doméstico — com o crucifixo, a imagem da Virgem, uma vela acesa, o incenso que sobe como oração — ali Jesus está presente em espírito, e envia graças invisíveis como escudo contra as forças das trevas.

Os santos viram esse tempo. São Luís de Montfort falava dos "apóstolos dos últimos tempos". Santa Teresa de Jesus viu em êxtase pequenas casas iluminadas resistindo enquanto conventos eram fechados. A Beata Emmerich contemplou o abandono geral da Igreja oficial, mas uma “igreja invisível” que resistia com firmeza. Essa Igreja invisível, agora, é visível nos lares consagrados ao Imaculado Coração.

O Caos Fora, a Paz Dentro

Enquanto o mundo se curva ao espírito do Anticristo — através de leis injustas, da destruição moral, da inversão de valores, do culto à ciência e à tecnologia como novos deuses — os fiéis da Igreja doméstica permanecem em adoração. São pobres, desprezados, ridicularizados, mas são os verdadeiros guardiões da fé.

Do lado de fora, o rugido da besta e a mentira do falso profeta. Dentro, o silêncio orante, o cântico dos salmos, a recitação do Rosário, a firme esperança. O exterior parece frágil, mas o interior é invencível. A luz que sai pela janela dessa casa brilha mais forte do que todos os holofotes do mundo.

A Missão da Igreja do Fim

Não basta resistir. A Igreja do fim do mundo é também profética. Com sua simples existência, ela denuncia a apostasia, expõe o engano do modernismo, combate o relativismo com a verdade do Evangelho. Cada pai que catequiza seus filhos, cada mãe que ensina a modéstia, cada criança que aprende a ajoelhar e a jejuar — todos são pequenos Elias dos últimos tempos.

Eles preparam o caminho para o Triunfo do Coração Imaculado, para o retorno glorioso de Cristo, para o tempo de paz que virá após a grande purificação. Essa missão é silenciosa, escondida, mas registrada no Céu.
Conclusão

Vivemos o tempo em que as profecias se cumprem. As estruturas ruíram, mas a pedra angular ainda sustenta a casa dos fiéis. Esta casa, que é a Igreja Doméstica, é a Igreja do Fim do Mundo, a aurora da nova era sob o Reinado Eucarístico de Cristo.

Enquanto tudo parece desmoronar, ajoelhamo-nos diante de nosso altar doméstico, e ali está o Senhor. Ele nos vê. Ele nos guia. Ele vem.

    “Quando tudo parecer perdido, será então o início do triunfo do Meu Coração Imaculado.”
    — Nossa Senhora em Fátima

 

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Prof. Emílio Carlos

Pároco Leigo