O MENDIGO SANTO DE ROMA - 23-12

 

O MENDIGO SANTO DE ROMA - 23-12
23-12 – SÃO SÉRVULO
O mendigo santo de Roma, exemplo de paciência e louvor

São Sérvulo viveu em Roma no século VI, durante o pontificado do Papa São Gregório Magno, que deu testemunho direto de sua vida e santidade. Era um mendigo, extremamente pobre, privado de bens, de saúde e até da mobilidade do próprio corpo. Sofria de uma doença grave, provavelmente reumatismo ou paralisia progressiva, que o impedia de andar e o mantinha prostrado, dependendo inteiramente da caridade alheia.
Apesar de sua condição miserável, Sérvulo distinguiu-se por uma virtude extraordinária. Nunca se ouviu de seus lábios uma palavra de queixa, murmuração ou revolta contra Deus. Pelo contrário, suportava as dores físicas intensas com serenidade e oferecia tudo como sacrifício, conformando-se plenamente à vontade divina. Sua paciência não era passiva, mas ativa, sustentada por uma profunda vida interior.
Como não sabia ler, pedia aos que o visitavam que lhe lessem a Sagrada Escritura. Com isso, adquiriu um vasto conhecimento espiritual, não pela letra, mas pela escuta humilde e perseverante da Palavra de Deus. Louvava incessantemente o Senhor, mesmo quando as dores se intensificavam. Transformou sua extrema pobreza em riqueza espiritual, e sua enfermidade em cátedra de santidade.
Quando se aproximava sua morte, reuniu sacerdotes e pediu que cantassem salmos. Em meio aos cânticos, exclamou em alta voz que se fizesse silêncio, pois ouvia os anjos cantarem. Seu rosto se transfigurou, tomado de alegria celestial, e assim entregou sua alma a Deus, por volta do ano 590. São Gregório Magno apresenta São Sérvulo como modelo acabado de paciência cristã e de verdadeira pobreza evangélica.

Milagres
Seu maior milagre foi a transformação do sofrimento em louvor. Seu trânsito foi marcado por sinais espirituais extraordinários, como a audição do canto dos anjos, testemunhada por aqueles que estavam ao seu redor. A Igreja reconhece como milagre contínuo o fruto espiritual de sua vida, que ainda hoje edifica os fiéis.
Exemplo para a igreja doméstica
São Sérvulo ensina que a santidade não depende de posição social, saúde ou instrução, mas de amor fiel a Deus. Na igreja doméstica, ele recorda que o sofrimento vivido com fé pode santificar toda a família. Seu exemplo convida a transformar a dor, a limitação e a pobreza em oração, louvor e confiança.

Oração
Ó Deus, que fizestes de São Sérvulo um espelho luminoso de paciência, humildade e louvor no meio da dor, concedei-nos, por sua intercessão, a graça de aceitar vossas disposições com fé, e de transformar nossos sofrimentos em oferta agradável. Dai-nos um coração dócil, que saiba bendizer-Vos em todas as circunstâncias. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Reflexão
A vida de São Sérvulo desmascara a ilusão de que a felicidade cristã depende do bem-estar exterior. Ele nos mostra que a verdadeira alegria nasce da união com a vontade de Deus. Enquanto o mundo foge da cruz, o santo a abraça e nela encontra paz. Seu silêncio paciente fala mais alto que muitos discursos.

Pequena prática devocional familiar
Em família, escolher um dia para rezar juntos um salmo, especialmente em momentos de dificuldade ou enfermidade. Oferecer conscientemente uma contrariedade do dia em espírito de louvor, dizendo juntos: “Bendito seja Deus em todas as coisas”. Inspirados por São Sérvulo, ensinar às crianças que louvar a Deus não depende das circunstâncias, mas da confiança no Seu amor.

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Prof. Emílio Carlos

Pároco Leigo