SERMÃO DE DOMINGO: A COMUNHÃO ESPIRITUAL

 

SERMÃO DE DOMINGO: A COMUNHÃO ESPIRITUAL
(Como ensinou São Leonardo de Porto Maurício)

Meus caríssimos irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo:
Ouvi com atenção o que hoje vos digo, pois trata-se de uma verdade grande, consoladora e pouco compreendida, especialmente nos tempos de provação em que a Igreja de Deus se encontra. Falaremos da Comunhão Espiritual, esse tesouro escondido que muitos desprezam, mas que os santos sempre exaltaram.
Não penseis que só recebe Jesus quem O recebe sacramentalmente. Não penseis que a graça de Deus esteja presa apenas às espécies sacramentais. Nosso Senhor é livre, soberano, e Se comunica às almas conforme a fé, o amor e o desejo com que é buscado.

A Verdade Ensinada pela Igreja
A Santa Igreja sempre ensinou que existem três modos de receber a Santíssima Eucaristia: sacramentalmente apenas, espiritualmente apenas, ou sacramental e espiritualmente ao mesmo tempo. Esta doutrina foi confirmada pelo santo Concílio de Trento, que jamais negou a eficácia da Comunhão Espiritual.
Digo-vos, portanto, com toda a clareza: uma Comunhão Espiritual bem feita pode produzir mais fruto do que uma Comunhão sacramental mal feita. Sim, mais fruto. Porque Deus olha antes para o coração do que para o gesto exterior.
Que aproveita ao homem aproximar-se do altar sem fé viva, sem arrependimento sincero, sem amor ardente? Que proveito há em receber Jesus com o corpo, se a alma está fria, distraída ou presa ao pecado? Tal comunhão não só é estéril, como pode tornar-se ocasião de juízo.

O Que é uma Boa Comunhão Espiritual
Uma boa Comunhão Espiritual exige três coisas.
Primeiro, uma fé viva na presença real de Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento.
Segundo, um amor verdadeiro, que faz a alma desejar ardentemente unir-se a Ele.
Terceiro, uma humildade profunda, reconhecendo-se indigno, mas confiante na Misericórdia divina.
Quando a alma, impossibilitada de receber sacramentalmente Nosso Senhor, Lhe diz com sinceridade: “Senhor, eu creio, eu Vos amo, eu Vos desejo mais do que todas as coisas, vinde ao meu coração, ainda que não sacramentalmente, mas espiritualmente”, Ele entra, Ele habita, Ele transforma.

Testemunho dos Santos e da Experiência Espiritual
Muitos santos viveram longos períodos privados da Comunhão sacramental e, ainda assim, cresceram extraordinariamente na santidade. Por quê? Porque faziam frequentes Comunhões Espirituais, com fervor, com lágrimas, com amor.
Eu vos digo, meus irmãos: há almas que recebem Jesus espiritualmente com mais reverência do que muitos O recebem sacramentalmente. Há corações que se abrem com mais pureza no silêncio do desejo do que em filas barulhentas diante do altar.
Não vos escandalizeis com isso. Deus não Se deixa enganar pelas aparências.

Aplicação para os Tempos de Provação
Se a Providência permite tempos em que os fiéis são privados dos Sacramentos, não é para abandoná-los, mas para purificá-los. Nestes tempos, Deus quer corações mais interiores, mais vigilantes, mais ardentes.
A Comunhão Espiritual torna-se, então, pão cotidiano para a alma fiel. Ela sustenta, fortalece, consola e preserva a união com Jesus Cristo quando tudo ao redor parece desolado.
Fazei, portanto, muitas Comunhões Espirituais ao longo do dia. Ao acordar, ao trabalhar, ao sofrer, ao ser tentado, ao antes de dormir. Cada uma delas é uma visita de Jesus à vossa alma.

Mas atenção, meus irmãos. Não useis esta verdade como desculpa para a tibieza. Não façais Comunhões Espirituais frias, distraídas, mecânicas. Uma Comunhão Espiritual mal feita também é estéril.
Deus quer o coração inteiro.
Melhor uma só Comunhão Espiritual feita com lágrimas, fé e amor, do que muitas feitas sem atenção e sem desejo verdadeiro.

Amai Jesus. Desejai Jesus. Chamai Jesus ao vosso coração. Ele não recusará entrar onde é verdadeiramente amado.
E lembrai-vos sempre desta verdade que vos deixo como herança espiritual: uma Comunhão Espiritual bem feita pode dar mais fruto do que uma Comunhão sacramental mal feita, porque Deus Se dá não à mão que recebe, mas ao coração que ama.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

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